domingo, 31 de maio de 2009

MEDIUNIDADE E DÚVIDA

Um dos escolhos mais difíceis com o qual o
médium principiante se defronta é a dúvida.
A dúvida, quando persiste além dos limites,
acaba por anular a mediunidade mais
promissora.
O processo de parceria, a que nos referimos
na mensagem "Níveis de Sintonia", torna-se
impossível quando o médium deixa-se dominar
pela incerteza que, de quando em quando, o
assalta. A dúvida até certo ponto é natural,
porque não devemos crer em nada sem análise;
mas, justamente porque a fé que abraçamos é
raciocinada, a dúvida sistemática não tem motivo
de ser no medianeiro imbuído das melhores
intenções de servir.
O médium que duvida de suas faculdades não deve
esperar que os outros nelas creiam.
Quando o obstáculo da dúvida se interpõe entre os
espíritos e o médium, pouco se tem a fazer, porque
no médium no qual a dúvida se enquista os espíritos
não encontram a confiança mínima necessária ao
intercâmbio. O médium que duvida em excesso de
suas faculdades na verdade está duvidando é de seus
bons propósitos em cooperar com os semelhantes,
arranjando um pretexto para eximir-se do
cumprimento do dever a que se sente chamado.
Diríamos que em todo médium existe algum traço de
dúvida, porque sempre ficará a suspeita de que o que
se ouve ou o que se vê é fruto de alguma espécie de
alucinação desconhecida.
Mas, enquanto a dúvida permanece, digamos, em
níveis aceitáveis, é-nos possível trabalhar...
O próprio médium inconsciente, se o quisesse, teria
motivos de sobra para duvidar do que as suas
faculdades psíquicas produzem... Sofismas é que não
faltam. A inconsciência mediúnica, portanto, não é
garantia absoluta a respeito da veracidade do
intercâmbio entre os Dois Planos da Vida.
Estamos nos referindo à dúvida que o médium possa
ter e não à dúvida dos que assistem à produção do
fenômeno, porque, se o medianeiro confiar em si, a
dúvida dos outros pouco interessará na continuidade
da tarefa que lhe diz respeito.
O médium que tenha a pretensão de convencer as
pessoas acabará desapontado, porque nem Jesus
logrou convencer a todos. Apesar de tê-lo visto
redivivo, Tomé necessitou tocar-lhe as chagas para
acreditar que, de fato, estava diante do Mestre, que
cumpria a promessa de regressar da morte...
Que o médium iniciante deixe-se orientar pela
sinceridade de suas convicções e pela boa vontade
em auxiliar; com o tempo, as suas dúvidas irão
cedendo lugar a consoladoras certezas e, de futuro,
ele não irá mais se preocupar com o que passará a
considerar um detalhe de menor importância, ante
o vastíssimo campo de trabalho que se lhe descerá.
Para se ter fé nos postulados espíritas, bastar-nos-á
o concurso da razão, porque nenhuma doutrina
explica a Vida com tanta lógica quanto o Espiritismo.
ninguém, a rigor, precisa "ver" um espírito, para
acreditar na sobrevivência da alma após a morte,
porque a razão nos diz que, se não fosse assim, as
coisas careceriam de sentido.
Como escreveu Kardec, "a maior prova de que Deus
existe é a impossibilidade de provar que Ele não existe"...
Aos argumentos dos cépticos contrapõem-se os
argumentos dos que creem.
Porque nos inclinaríamos à negação, se os motivos
que temos para crer são, no mínimo, de igual número
aos que temos para não crer?!
O médium que pretende desenvolver a mediunidade
trate de afastar a dúvida por pedra-de-tropeço em
seu caminho. Após aqueles momentos de natural
incerteza e insegurança, siga para diante, com
determinação, porque, quanto mais dúvida no médium,
maiores as dificuldades a serem superadas.
Junto ao médium que duvida, repetimos, os espíritos
pouco poderão fazer, até mesmo no sentido de auxiliá-lo
em sua crença. Se no companheiro que escreve
neste momento a dúvida existisse em níveis
intoleráveis, como conseguiríamos
grafar o que grafamos?! Embora duvide,
ele persiste na certeza de que a filosofia espírita que
abraçou é superior a essas polêmicas rasteiras em que
muitos se perdem; e é nesta sua convicção inabalável
na Doutrina que nos apoiamos para prosseguir, deixando
ao tempo o trabalho da consolidação definitiva de sua fé.
Do livro: Somos todos Médiuns
Psicografado por: Carlos A. Baccelli
Pelo Espírito de: Odilon Fernandes

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